O Café Como Experiência Turística em São Paulo


Não é segredo que o café, essa bebida tão querida do povo brasileiro, teve extrema importância na história do nosso país.


Originário da Etiópia, foi trazido ao Brasil pelo Sargento Francisco de Melo Palheta da Guiana Francesa, em 1727, como “presente” esposa do governador da capital daquele país. Mas há controvérsias sobre essa história e na verdade, as mudas de café teriam chegado de forma clandestina, primeiramente ao Estado do Pará.


Em 1800 esse grão, que já tinha alto valor comercial, chegou ao sudeste, onde encontrou solo e condições climáticas perfeitas para se desenvolver. E foi o Estado de São Paulo o seu grande produtor e responsável por um dos maiores ciclos econômicos do Brasil, trazendo importantes momentos históricos.


História à parte (mas nem tanto), isto deixou uma herança enorme até os dias de hoje, pois muita parte daquilo que foi iniciado em 1800, em razão do café, foi preservada até os dias de hoje.


E isso nos traz experiências incríveis de turismo, muito além de onde se pode imaginar!


Primeira e obviamente, temos fazendas de café seculares, que pertencem às famílias que a iniciaram até hoje, ou que foram compradas e permaneceram no mesmo intuito. E muitas delas não apenas continuaram para a produção do café, mas se abriram para nos proporcionar experiências turísticas.


No interior, podemos encontrar fazendas de café abertas a diversos tipos de experiências. Muitas se tornaram hotéis e pousadas de charme. Outras, proporcionam verdadeiras imersões na história do ciclo cafeeiro.


Pertinho da Capital temos, em Jundiaí, a Fazenda Nossa Senhora da Conceição, que oferece uma visita guiada às suas antigas instalações, dando uma verdadeira aula e contando sobre a história da família. Além de ter um restaurante com uma comida típica de fazenda e hoje contar com chalés para hospedagem.


Em Serra Negra, há uma rota turística do café, na qual havia o Museu do Café Vale do Ouro que também fala sobre a história da imigração italiana. E Fazendas como o Café Nonno Marchi, que ainda é produtora de café, então é possível acompanhar todo processo de produção, do plantio à degustação do café.


Isso só perto da Capital. Mas há Fazendas com diversos tipos de experiências espalhados por vários cantinhos do Estado, como em Espírito Santo do Pinhal, Araraquara, Bragança Paulista, Itatiba, Campinas e muitas outras cidades. O que não é difícil é encontrar café no nosso Estado!


Mas você não precisa nem sair da Capital para ter uma experiência com plantações de café. No Instituo Biológico fica o maior cafezal urbano do mundo que é aberto a visitações guiadas gratuitas (mediante agendamento prévio). E uma vez por ano há a colheita do café que é aberta a todos e também é possível degustar o café lá plantado.


Mas porque uma plantação de café no meio da cidade? Bom, em meados de 1900 as plantações de café foram infestadas por uma praga e os barões do café pressionaram o Governo a achar uma solução. Surgiu o Instituto Biológico para buscar a tal solução spoiler: ela foi encontrada) e até hoje ele permaneceu para continuidade dos estudos tanto do café como para da agropecuária em geral.


Por falar em barões do café, eles foram responsáveis por muitas outras coisas que se tornaram hoje experiências turísticas por causa deste pequeno grão.


A primeira: a ferrovia. O café tinha alto valor comercial e era exportado. Assim, precisava ir do interior para o Porto de Santos. Então, para haver maior rapidez no transporte foi construída a São Paulo Railway, um projeto de Barão de Mauá.


Hoje desativada, proporciona um passeio a partir da Capital com um trem turístico da CPTM: o Expresso Turístico, que em determinados finais de semana faz viagens para as cidades de Paranapiacaba, Mogi das Cruzes e Jundiaí. Durante o trajeto é contada a história da ferrovia.


E como dito, tudo acabava em Santos. Era lá que o café era negociado e vendido para, após, embarcar nos navios e seguir seu destino. Então, em 1917, foi aberta a Bolsa do Café, nesta importante cidade praiana, onde ocorria o pregão. Em 1922 foi inaugurado o Palácio da Bolsa do Café, onde esta passou a funcionar.


Hoje, o Palácio da Bolsa do Café se tornou o Museu do Café, que proporciona exposições, programações especiais, degustações e, é claro, visitações guiadas.


Outra grande herança deixada pelo café é uma joia da Capital de São Paulo: o Theatro Municipal. Obviamente, São Paulo era o centro econômico do país, mas não era sua capital, que na época de sua inauguração, em 1911, era o Rio de Janeiro.


Os barões do café então viajados, refinados, gostariam de ter um local de espetáculos para ouvir suas músicas eruditas, assim como os da Europa. Então, apesar de sempre ter sido um local público, seu nascimento pode ser atribuído ao café!


O Theatro Municipal hoje, além de ainda ser uma grande casa de espetáculos, não apenas eruditos, mas também populares, com ingressos acessíveis e aberto não apenas à elite, também oferece visitas guiadas gratuitas (mediante agendamento prévio) onde é possível se conhecer seus espaços e sua história.


Então, como se pode perceber, o café, além de ser essa bebida tão afetiva e tão presente no dia a dia do povo brasileiro, também pode ser o motivo do seu próximo passeio!



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Autor: Fernanda Goldzveig

Fernanda, que gosta de ser chamada de Fefa, é formada em Direito, mas encontrou seu verdadeiro propósito viajando....


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** Todo artigo em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados, não reflete necessariamente a opinião do programa São Paulo Mais Perto.


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