Fazer Turismo


Existem três conjuntos de atores fundamentais para fazer o turismo acontecer na sua plenitude. O primeiro conjunto é formado pelos empreendedores da iniciativa privada. O segundo é constituído pelos agentes públicos no nível federal, estadual e municipal. E o terceiro, obviamente, é representado pelos turistas. Cada um desses conjuntos tem um papel específico e relevante para que o turismo produza os resultados dele esperado, quais sejam, gerar desenvolvimento, empregos e renda.


O desenvolvimento da atividade turística envolve, também, três momentos cruciais nos quais os papéis da iniciativa pública e da iniciativa privada precisam ser desempenhados harmonicamente: a estruturação do turismo, a qualificação das pessoas envolvidas e a promoção do turismo. Estruturar envolve garantir, no destino, uma infraestrutura adequada relativa a estradas de acesso, aeroportos, postos de saúde, policiamento para segurança do turista etc. Envolve, também, a existência de equipamentos tais como hotéis, restaurantes, atrativos, serviços de transporte dentre outros. Qualificar tem a ver com a preparação das pessoas para exercerem suas funções nas diversas atividades do turismo. Já a promoção é o momento de dar visibilidade ao destino e aos seus atrativos, buscando atrair o público.


Compreender essas questões é a parte fácil do “Fazer Turismo”, apesar de muitos dos envolvidos na atividade não terem a necessária capacitação para entenderem essa lógica básica e, portanto, serem capazes de exercer seu papel de forma adequada. No entanto, o relevante mesmo é atuar nas questões maiores que envolvem a parte estratégica e a ação tática, que permitem que o turismo possa alcançar altos níveis de competitividade, atraindo o volume de turistas desejado. Esse é o que se pode chamar do “pulo do gato”.


No caso brasileiro é perceptível o fraco desempenho dos entes governamentais, nos vários níveis, no cumprimento de seu papel. Tal situação majoritariamente tem a ver com a falta de compreensão pelos condutores dos destinos do País do significado do chamado “efeito multiplicador do turismo” que, ao impactar 57 segmentos de atividade econômica, envolvendo negócios da agricultura, indústria e serviços, promove uma forte sinergia na economia, gerando os já conhecidos impactos diretos, indiretos e induzidos. No caso da iniciativa privada, que se ressente da falta de crédito, tanto para investimentos como para capital de giro, ocorre um desnível enorme na oferta turística. Podemos encontrar, Brasil afora, ilhas de competitividade nas quais um turismo de qualidade e com bom nível de diversidade é oferecido ao turista, em contraposição com destinos mal preparados e deficientes.


Temos ampla convicção de que tal estado de coisas pode ser mudado para melhor, de forma objetiva, com boa velocidade e grande efetividade. Afinal, não é razoável que o Brasil, com as potencialidades turísticas que possui, em função de seus recursos naturais e de sua herança cultural, venha crescendo mediocremente, ano após ano, de forma meramente vegetativa, sem possibilidade de realizar seu enorme potencial. Precisamos não apenas evoluir. Precisamos mudar o patamar do turismo brasileiro. Como fazer isso, entretanto, será tema para outro momento.

marcelo

Autor: Marcelo Lima Costa

Administrador de Empresas pela Universidade do Rio de Janeiro (UERJ). Atuou como Secretário Nacional de Planejamento, Sustentabilidade e Competitividade do Ministério do Turismo. Foi diretor de Programa Internacional englobando...


Saiba Mais

** Todo artigo em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados, não reflete necessariamente a opinião do programa São Paulo Mais Perto.


Colabore conosco!

Tem alguma notícia relevante, algum assunto ou projeto que conheça sobre turismo? Preencha o formulário abaixo ou envie um e-mail para contato@saopaulomaisperto.com.br.