Hospitalidade e Cidades


Você já pensou em como a hospitalidade precisa estar manifestada no espaço das cidades? E o quanto uma cidade hospitaleira é responsabilidade também do planejamento turístico municipal e de políticas públicas de turismo bem definidas?


A manifestação da hospitalidade no espaço urbano é ainda uma área pouco estudada e pouco explorada, mas qualquer um, seja turista ou não, rapidamente consegue perceber a diferença entre uma cidade hospitaleira – ou uma cidade bem preparada para receber o turista – e uma cidade em que o turismo está relegado a segundo plano. A existência de elementos de hospitalidade no espaço público forma a paisagem e a imagem de um município enquanto destino turístico e está presente na percepção do turista de forma muito clara, ao circular pelas cidades – seja no centro urbano ou mesmo em rotas rurais.


Mas como podemos manifestar a hospitalidade turística no espaço urbano?


Há muitas formas de se manifestar a hospitalidade no ambiente das cidades. Sinalização turística e a própria sinalização urbana, existência de centros de informação/atendimento ao turista nas entradas das cidades, portais, pórticos e tótens, paisagismo, controle da poluição visual, ruas arborizadas e existência de áreas verdes, praças, jardins e parques, controle da poluição sonora e tantas outras ferramentas que melhoram a estética e a paisagem das cidades são fatores que contribuem para tornar um município mais hospitaleiro e acolhedor, ou seja, contribuem para criar uma imagem positiva de um destino turístico.


A hospitalidade no espaço urbano está também presente na existência de bancos e áreas de descanso em praças e próximos à atrativos turísticos, banheiros públicos (desde que bem cuidados), áreas de sombra – preferencialmente em função de uma arborização urbana intensa, acessibilidade nos diversos espaços (públicos ou não), e, claro, uma comunidade acolhedora e disposta a bem atender o turista.


Além dos aspectos mais estruturais, há também uma estratégia importante neste processo: a hospitalidade das cidades também se manifesta na medida em que a identidade turística e cultural local está expressa claramente no ambiente urbano. Há cidades e até mesmo regiões que trabalham muito bem essas questões, padronizando seu mobiliário urbano, a comunicação visual, implementando um paisagismo planejado e integrado e investindo em uma sinalização que além de orientar, também acolhe o turista.


Naturalmente, essa percepção da hospitalidade vai se manifestando nas diversas estruturas planejadas e efetivamente oferecidas ao turista e se integra à experiência do mesmo por meio dos serviços turísticos existentes na localidade. De nada adianta uma cidade com toda uma estrutura de hospitalidade presente no espaço urbano, sem que os princípios da hospitalidade e do bem-receber estejam também presentes nas relações dos prestadores de serviços turísticos com o turista.


E todos estes elementos que estão presentes nos espaços da cidade devem integrar a política pública local de turismo, bem como o próprio plano municipal de turismo, recebendo, desta forma, não somente atenção como política pública, mas, acima de tudo, investimentos efetivos para sua implementação – na gestão pública, este investimento precisa estar previsto no orçamento do município.


Há vários exemplos – alguns até bastante simples – que podem inspirar os municípios a manifestarem a hospitalidade no espaço urbano e nos diversos espaços de circulação turística.


Muitas cidades tem investido em paisagismo, especialmente em suas principais entradas – ou mesmo em suas vias de acesso – em controle da comunicação visual, com restrições a instalação de outdoors, fachadas mais discretas ou outros elementos de comunicação publicitária e tantas outras ações. Quem não tem como boa referência, por exemplo, o jardim linear de hortênsias que decora as principais rodovias de acesso à Gramado e Canela, na região das Hortênsias, no Rio Grande do Sul?


Além disso, a existência de portais, também nas entradas – em especial aqueles bem planejados para refletirem a identidade turística do município e que, além do elemento construído agregam serviços ao turista – como informações, ponto de água, banheiros públicos e etc., constituem-se como marcas da hospitalidade no espaço das cidades. Válido mencionar como muitos destes portais tornam-se cartões de visita e cartões postais associados a imagem dos destinos turísticos: se você já foi a Campos do Jordão, certamente tem uma bela foto no portal de entrada da cidade.


A implantação dessa estrutura paisagística, de serviços de apoio, de comunicação visual e de atendimento ao turista é um processo que, como dito anteriormente, precisa fazer parte do planejamento e do orçamento do município. Este processo deve ser identificado como um eixo da política pública de turismo e do planejamento turístico local.


Ademais, é fundamental que a comunidade tenha a percepção da importância destes investimentos, para que compreenda a relevância dos recursos direcionados a essa estrutura das cidades.


Uma cidade turística precisa efetivamente se entender e se visualizar turística e precisa materializar isso no espaço e na paisagem, seja ela urbana ou rural.


fab

Autor: Marcela Moro

Apaixonada pelo turismo, pelo turismo rural e por planejamento e políticas públicas de turismo, é turismóloga e mestre em comunicação e atua na área há 27 anos...


Saiba Mais

** Todo artigo em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados, não reflete necessariamente a opinião do programa São Paulo Mais Perto.


Colabore conosco!

Tem alguma notícia relevante, algum assunto ou projeto que conheça sobre turismo? Preencha o formulário abaixo ou envie um e-mail para contato@saopaulomaisperto.com.br.